quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Impasse em Timor-Leste tem solução política ou constitucional -- líder do terceiro partido

Díli, 15 nov (Lusa) - A resolução do atual impasse político em Timor-Leste depende de uma solução política, com acordo entre os partidos, ou de uma solução constitucional, disse hoje o líder do terceiro partido, saudando "a serenidade" que a população tem mantido.

"Da minha parte, da parte do meu partido, o Partido Libertação Popular (PLP), vemos duas soluções. Uma solução política e uma solução legal ou constitucional", disse Taur Matan Ruak, depois de um encontro de cerca de uma hora com o chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo.

"A nível político tem havido uma concertação cada vez maior dos partidos da oposição. De qualquer das formas é preciso continuar a haver paciência de que se solucione a questão. A esperança é a última a morrer", disse.

Matan Ruak, que foi antecessor de Lu-Olo na Presidência da República, foi mandatado pelo seu partido para dialogar com Xanana Gusmão, presidente do segundo partido mais votado, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) e com José Naimori, líder do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) tendo em vista a formação de uma Aliança de Maioria Parlamentar (AMP).


Esse bloco, constituído para já com as assinaturas dos chefes de bancadas dos três partidos, controla a maioria dos lugares no parlamento (35 de 65) e com esse apoio chumbou já pela primeira vez o programa do Governo. Um segundo chumbo implica a queda do Governo.

Questionado pela Lusa sobre quando a aliança será formalizada, Taur Matan Ruak mostrou-se evasivo: "Vamos esperar um bocadinho mais. Na altura própria saberão melhor", disse, sem avançar mais pormenores.

Em caso de queda de Governo, o chefe de Estado pode escolher formar um novo executivo dentro do atual cenário parlamentar ou se avança para eleições antecipadas.

Escusando-se a dizer que opção prefere, remetendo a decisão para o Presidente da República, Taur Matan Ruak também se escusou a confirmar se a aliança da oposição se manterá como coligação pré-eleitoral em caso de eleições antecipadas.

Questionado sobre se a oposição deve forçar a queda do Governo - com uma moção de censura, por exemplo - se o executivo demorar a apresentar pela segunda vez o programa, Taur Matan Ruak também não foi claro.

"Eu não sou deputado. Vamos ver. O que avançou agora foi o orçamento retificativo. Vamos ver o que vem a seguir. Não quero especular. Ainda vai haver muita discussão, sobretudo no Parlamento Nacional que é o fórum mais vocacionado para isso", disse.

O Governo minoritário timorense é apoiado por uma coligação da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e do Partido Democrático (PD).

Na sua declaração, Taur Matan Ruak saudou os esforços do chefe de Estado de ouvir as opiniões dos líderes do país "na busca de solução para o problema político atual".

"Agradeço à comunidade, aos estudantes, trabalhadores, a todos os timorenses que apesar da situação política continuar assim se mantêm com um elevado nível de serenidade e calma. Parabéns à população a quem apelo que continuem com este comportamento exemplar. Timor-Leste está a mostrar ao mundo que apesar dos problemas se mantém estável", disse.

ASP // VM

Sem comentários: